terça-feira, 7 de setembro de 2010






Então gente boa, para quem acredita em herói, ai vai um dos merecedores de tal título em nossa história. Diferente não é? Estranho quem sabem... Pois então, uma país tão acostumado a ver a história com os olhos dos vencedores. Pois bem, parece que as coisas começam a mudar. A história é feita por pessoas de "carne e osso" como eu e voce, nada de sobrenatural ou divino, simplesmente pessoas ou grupos de pessoas organizadas lutando e trabalhando.
Esse é um cara que merece destaque, fez, lutou...



Então gente boa, voltando ao assunto sobre "aquela figura", já ouviram falar no poderoso "Navegante Negro"? Pois bem, o maravilhoso samba "O Mestre-Sala dos Mares" composto na década de 1970, por Aldir Blanc e João Bosco, imortaliza não só "aquela figura" como também o episódio histórico a qual faz parte. Este samba foi composto originalmente como samba enredo de uma escola paulista, mas como fazia referência a uma grande figura popular, que esteve envolvido em um singular movimento constestatório do Brasil Contemporâneo, acabou censurado pela ditadura militar e não foi as ruas.


Trata-se de João Cândido Felisberto, grande líder da Revolta da Chibata, em 1910. Um movimento planejado durante dois anos por marinheiros brasileiros que, por incrível que pareça, 20 anos após o fim da escravidão, ainda eram castigados com chibatadas. Vale lembrar que maior parte dos marinheiros eram negros ou mulatos.


Outra curiosidade sobre esse fato é que João Cândido era gaúcho, nascido na vila de Dom Feliciano, na época distrito de Encruziliada do Sul. Em 1910 com 30 anos de idade, era filho de ex-escravos. Este "navegante negro" não só transformaria-se em uma grande liderança popular, mas tambem em um grande marinheiro que atravessou oceanos a serviço da marinha brasileira. É em suas viagens, a serviço da marinha, que tem contato com marinheiros de outras parte do mundo, percebendo, então, uma realidade bastante diferente em relação ao que eram submetidos os marinheiros aqui no Brasil e também adquirindo uma maturidade política singular - influenciado, inclusive, pela ensaio revolucionário russo do Encouraçado Potemkin em 1905.


Está ai, este sim, um grande nome de nossa história. Se quiserem saber mais, wikipedia. Busquem também o samba (música de verdade). Tem um filme espetacular, de 1920, sobre o Encouraçado Potemkin de Sergei Ensenstein

Grécia Antiga




A importância de se conhecer a Grécia da Antigüidade (que se desenvolveu entre 2000 a.C. e 500 a.C.) é que a herança de sua cultura atravessou os séculos, chegando até os nossos dias. Foram influências no campo da filosofia, das artes plásticas, da arquitetura, do teatro, enfim, de muitas idéias e conceitos que deram origem às atuais ciências humanas, exatas e biológicas. A Grécia antiga não formava uma nação única, mas era composta de várias cidades, que tinham suas próprias organizações sociais, políticas e econômicas. Apesar dessas diferenças, os gregos tinham uma só língua, que, mesmo com seus dialetos, podia ser entendida pelos povos das várias regiões que formavam a Grécia. Esses povos tinham também a mesma crença religiosa e compartilhavam diversos valores culturais. Assim, os festivais de teatro e os campeonatos esportivos, por exemplo, conseguiam reunir pessoas de diferentes lugares da Hélade, como se chama o conjunto dos diversos povos gregos. Essa Grécia de 4.000 anos atrás era formada por ilhas, uma península e parte do continente europeu. Compunha-se de várias cidades, com seus governos próprios, que eram chamadas de cidades-Estados. Essas cidades localizavam-se ao sul da Europa, nas ilhas entre os mares Egeu e Jônio.
Esparta e Atenas:
As principais cidades gregas da Antigüidade foram Atenas e Esparta. Essas sociedades eram, aliás, bem diferentes e freqüentemente lutaram uma contra a outra. A sociedade espartana era considerada rígida (nos dias de hoje, quando queremos dizer que alguma coisa ou pessoa é muito cheia de regras, fechada, dizemos que é "espartana"). Em Esparta, os homens viviam para a vida militar. Eles só podiam casar depois de terem sido educados pelo Estado, em acampamentos coletivos, onde viviam dos 12 até os 30 anos. Para o governo, existiam os conselhos de velhos, que controlavam a sociedade e definiam as leis. As mulheres espartanas cuidavam da casa e tinham também uma vida pública: administravam o comércio na ausência dos homens. Já Atenas, que foi considerada o exemplo mais refinado da cultura grega, teve seu apogeu cultural e político no século 5 a.C. Na sociedade ateniense, diferentemente de Esparta, as decisões políticas não estava nas mãos de um conselho, mas sim no governo da maioria, a democracia. Dentro desse sistema, todos os cidadãos podiam representar a si mesmos (não precisavam eleger ninguém) e decidir os destinos da cidade. Ao mesmo tempo em que Atenas abria o espaço para os cidadãos, reservava menor espaço para as mulheres do que na sociedade espartana. Em Atenas, as mulheres, assim como os escravos, não eram consideradas cidadãs.
Os jogos olímpicos
Na Grécia Antiga, os jogos olímpicos eram um ritual de homenagem a Zeus (o deus máximo de uma religião com muitos deuses). Esses jogos realizavam-se na cidade de Olímpia e envolviam todas as cidades-Estados da Hélade em várias competições de atletismo. Dentre as modalidades de esporte que se praticavam havia a corrida, a luta livre, o arremesso de discos, salto e lançamento de dardos. Os vencedores voltavam às suas cidades com uma coroa de folhas de oliveira e um imenso prestígio.

Mitologia grega:
A religião politeísta grega era marcada por uma forte marca humanista. Os deuses possuíam características humanas e divinas. Os heróis gregos (semi-deuses) eram os filhos de deuses com mortais. Zeus, deus dos deuses, comandava todos os demais do topo do monte Olimpo. A mitologia grega também era muito importante na vida desta civilização, pois através dos mitos e lendas os gregos transmitiam mensagens e ensinamentos importantes. No quadro abaixo podemos conhecer outros deuses gregos.

Os doze deuses olímpicos

Nome grego
Nome latino
Características

Zeus
Júpiter
Era o senhor do céu, o deus das nuvens e das chuvas, e tinha no raio a sua maior arma. No entanto, não era onipotente. Era possível opor-se a ele ou mesmo enganá-lo.

Poseidon
Netuno
Irmão de Zeus, era o senhor do mares e ocupava o segundo lugar na hierarquia do Olimpo.

Hera
Juno
Irmã e mulher de Zeus. Era a protetora dos casamentos. Muito ciumenta, vingava-se sempre dos constantes relacionamentos adúlteros do marido.

Hades
Plutão
Dominava o mundo subterrâneo, onde habitavam os mortos: o Tártaro, onde eram punidos os vilões, o Elíseo, onde eram recompensados os heróis.

Palas Atena
Minerva
Gerada da cabeça de Zeus, era sua filha favorita e a deusa da sabedoria.

Apolo
Febo
Filho de Zeus e Leto, era identificado com o Sol e considerado o deus da música e da cura - artes que ensinou aos homens

Ártemis
Diana
Irmã gêmea de Apolo, era a deusa da caça e da castidade.

Afrodite
Vênus
Deusa do amor e da beleza, que a todos seduzia, fossem deuses ou simples mortais.

Hermes
Mercúrio
Filho de Zeus e mensageiro dos deuses, dos quais era o mais esperto ou astuto. Por isso, protegia comerciantes e ladrões.

Ares
Marte
Filho de Zeus e Hera, é o deus da Guerra, considerado, por Homero, "a maldição dos mortais".

Hefesto
Vulcano
Deus do fogo, ferreiro e artesão, que fabricava os utensílios e as armas de deuses e heróis.

Héstia
Vesta
Era o símbolo do lar e foi mais cultuada pelos romanos que pelos grego

Karl Marx "Gauchão"



Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, História, Sociologia, Ciência Política, Antropologia, Psicologia, Economia, Comunicação, Arquitetura, Geografia e outras. Em uma pesquisa da rádio BBC de Londres, realizada em 2005, Karl Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.
Gostou? Ficou curioso? Quer saber Mais?

Acessa ai: http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Filosofia no cotidiano!!



Este quadro de Renoir retrata o ato de ler, uma prática indispensável a quem deseja estudar filosofia. O texto filosófico tem características próprias, que o fazem diferente das obras de ciência e literatura. Para dar o primeiro passo no estudo da filosofia é preciso entender como encarar as obras dos grandes filósofos. Veja algumas dicas.


Texto filosófico
Dicas para entender livros de filosofia

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Os livros são o suporte material do texto e das idéias


É possível aprender a ler textos filosóficos - textos dissertativo-argumentativos por excelência, entendo as particularidades desse tipo de texto.

É importante destacar que um texto filosófico não é, a priori, uma narração, mas uma dissertação e uma dissertação argumentativa, não-expositiva. Nesse sentido, ele não visa a transmitir informações como por exemplo um texto jornalístico. O texto filosófico, de um modo geral, propõe uma tese e a defende através de argumentos. Ele não é um texto literário e a elegância de estilo, além de não ser obrigatória, pode constituir uma inimiga do rigor e da precisão.

Considerando tudo isso, o objetivo da leitura de um texto filosófico não é tomar conhecimento de algo, não é informar-se, não é deleitar-se esteticamente com as palavras. O objetivo da leitura, no caso da filosofia, é o entendimento do texto. Nesse sentido, a primeira pergunta que devemos nos colocar aqui é: o que significa entender um texto?

Em primeiro lugar, por entendimento podemos estar nos referindo à compreensão literal do texto, que consiste na capacidade de repetir aquilo que ele diz. Num segundo momento, podemos aludir à capacidade de parafraseá-lo, isto é, de repeti-lo ou reproduzi-lo, usando nossas próprias palavras. Mas a definição mais completa vai além dessas duas etapas.


Traduzir e superar dificuldades
Entender um texto é ser capaz de "traduzi-lo", isto é, torná-lo mais claro, mais explícito do que ele é originalmente, de modo que nos tornemos aptos a explicá-lo, a torná-lo compreensível a outros leitores. O entendido, portanto, é atingir o sentido do texto ou aquilo que ele objetivamente diz.

No entanto, nem sempre entendemos um texto, o que pode ou não estar relacionado ao seu nível de dificuldade. De qualquer modo, o não entendimento pode ser superado. Quando não se entende um texto - ou uma passagem dele - há sempre um motivo para isso.

No caso de ter havido falta de atenção, a releitura é a maneira certa de resolver o problema. Caso contrário, é preciso nos questionarmos e saber o que ou por que não entendemos.

Muitas vezes, não entendemos um texto filosófico porque não possuímos os pré-requisitos necessários para entendê-lo. Muitas vezes, um filósofo escreve um livro comentando ou contextando a obra de outro filósofo e, se você desconhecer a referência à obra anterior, dificilmente vai captar com precisão o sentido daquela que está lendo. Assim, é preciso preencher os pré-requisitos, antes de ir adiante.


Deixe suas crenças de lado
Por outro lado, o não entendimento pode ser proveniente de nossas próprias crenças que se transformam num empecilho à compreensão das ideias alheias. Se isso ocorre - em em geral certos estados emocionais permitem identificar quando isso ocorre -, devemos procurar separar claramente as nossas crenças das ideias do autor e não discutir com elas. Não podemos deixar, neste momento, que nossa opinião interfira e distorça o entendimento.

Depois de questionarmos o que é entender um texto, é conveniente nos perguntarmos se o entendemos corretamente. Uma compreensão correta não contradiz o sentido literal do texto e leva em conta as regras da gramática (em especial, a sintaxe). Além disso, porcura a unidade que o texto deve ter, sem deixar qualquer parte solta ou nenhuma passagem de lado.

Também é preciso perceber as conexões que existem entre as diversas partes do texto e, quando está nesse rumo, geralmente o leitor consegue antecipar o desenvolvimento da argumentação, prevendo o que virá a seguir. Em princípio, deve-se considerar como erro de compreensão todas as contradições encontradas no texto. Pelo menos se não surgirem provas explícitas do contrário, isto é, de que o texto tem mesmo contradições.


Acertar o foco
Em especial numa época em que se usam com frequência metáforas do tipo "a minha leitura de...", "a sua leitura de...", "a leitura que Fulano fez de...", é importante deixar claro que a leitura objetiva de um texto é sempre uma mesma leitura. Ninguém descobre no texto o que nele não existe. A originalidade de uma leitura específica consiste em centrar o foco num aspecto específico que talvez tenha passado despercebido a outros leitores ou ainda que se pode desvelar com maior nitidez.

O entendimento é a finalidade da leitura. O meio de que dispomos para alcançá-la é a análise. Para analisar um texto devemos desconstruí-lo no nível linguístico, procurando reduzi-lo a uma sucessão ordenada de frases simples, na ordem direta: sujeito-verbo-predicado.

Entre outros procedimentos, é importante procurar o significado dos termos que desconhecemos; identificar os pronomes presentes nas frases e saber explicitar os nomes que eles substituem; identificar os termos técnicos, substituindo-os por suas definições.

Aliás, aqui é bom lembrar que algumas palavras de uso corriqueiro podem ter um sentido bem mais específico ou mais elaborado em filosofia. Você certamente sabe o que significa a palavra "substância", mas será capaz de dizer o sentido que ela tem em um texto de Aristóteles? Para isso, você pode recorrer a dicionários específicos de filosofia.


Desconstrução semântica
Depois da desconstrução linguística, chegou a hora de passar à desconstrução semântica, ou seja, em termos de conteúdo do texto analisado. Via de regra, o texto filosófico-dissertativo compõe-se de tese ou hipótese, argumentos, consequências, objetções e contra-argumentos, respostas às objetções, exemplos, definições e aplicação a um caso ou casos particulares.

Pois bem, é preciso saber identificar cada um desses componentes e, a partir daí, estabelecer uma hierarquia, ou seja, uma ordem entre o que é mais importante e o que é menos importante, o que é essencial e o que é acessório, o que é primordial o que é secundário.

Desse modo, você vai purificar o texto, libertá-lo de tudo que é inessencial e estar diante de suas ideias básicas. Com isso, o texto se tornará muito mais breve, certamente perderá sua fluência original, mas ganhará em troca uma ordem mais clara. A partir desse ponto, você já estará apto a concordar com o que é dito ou discordar disso, sabendo as razões da discordância.

Sim, porque a partir desse ponto, você já ultrapassou o entendimento - ou a explicitação de sentido - e estará seguindo rumo à interpretação do texto, que vem a ser o completar esse sentido, tecendo suas próprias reflexões sobre ele, estabelecendo um diálogo com o texto lido.

Filosofia no cotidiano!!



Para muita gente, este quadro do espanhol Joan Miró é uma obra-prima. Outros, porém, acham que ele não significa nada. Trata-se de uma questão de gosto? O que é o belo quando se fala de uma imagem ou de quadro? Que critérios servem para definir o que é uma obra artística? É disso que cuida a Estética ou filosofia da arte.


Estética
Arte traduz o espírito de renovação contínua

Josué Cândido da Silva*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Por mais bela que uma roupa seja, ela vai durar só até o fim da estação


Se existe algo de permanente na moda é o seu caráter efêmero, fugaz, transitório. Uma pessoa determinada a acompanhar a moda sabe que, inevitavelmente, por mais bela que uma roupa seja, ela "durará", no máximo, até o fim da estação.

Quanto mais fielmente um traje corresponder à última tendência da moda, mais ridículo ele parecerá aos olhos das novas gerações com o distanciar do tempo. É por isso que a moda talvez seja a representação mais fiel do espírito dos tempos modernos, caracterizados pela necessidade de renovação contínua, com os olhos sempre voltados para o futuro, para tudo o que é novidade.


Consumo
Karl Marx (1818-1883) viu nesse impulso permanente de inovação uma necessidade da nova sociedade burguesa em sua busca de ampliar ao máximo o consumo de mercadorias.

Diz Marx no "Manifesto Comunista": "A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as relações sociais. (...) Essa revolução contínua da produção, esse abalo constante de todo sistema social, essa agitação permanente e essa falta de segurança distinguem a época burguesa de todas as precedentes (...). Tudo o que era sólido se desmancha no ar...".


Modernidade
Se tudo que é sólido se desmancha no ar, a modernidade não pode remeter-se a um passado que já não mais existe como fonte para os critérios que a orientam. Tampouco pode buscá-los na tradição que a precedeu e contra a qual se rebelou, não lhe restando alternativa senão extrair tais critérios de si própria.

O problema de uma fundamentação da modernidade a partir de si própria não passou despercebido pela crítica estética. Era preciso que a modernidade abandonasse qualquer referência à tradição que aprisionara a arte em padrões rígidos, como se os cânones do que caracteriza uma obra de arte fossem absolutos e impermeáveis às mudanças históricas.


Baudelaire

O poeta e crítico de arte Charles Baudelaire (1821-1867) propôs que a arte, em cada época, deve buscar sua própria forma, ao invés de imitar os padrões de épocas precedentes. A arte situa-se entre o eterno e o atual e pode ser considerada como filha legítima dos tempos atuais, pois "a modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável".

O talento do artista revela-se ao extrair o eterno do transitório, pois, de outra forma, o eterno não poderia ser apreendido, pelo seu caráter intangível. Como observa Baudelaire: "O belo é constituído por um elemento eterno, invariável, cuja qualidade é excessivamente difícil de determinar, e de um elemento relativo, circunstancial (...) sem esse segundo elemento, que é como a cobertura brilhante e atraente que abre o apetite para o divino manjar, o primeiro elemento seria indigerível, (...) para a natureza humana".

A beleza eterna desvela-se apenas no traje da época, daí a afinidade da arte com a moda, ambas buscam algo de eterno no atual e momentâneo, mesmo reconhecendo a impossibilidade de retê-lo. Toda arte, assim como toda moda, é inevitavelmente datada como o retrato de uma época.


Novas formas
O artista precisa mergulhar em seu tempo; não pode ficar preso às formas do passado sob o risco de ser considerado um mero imitador. Ele precisa experimentar novas formas que melhor traduzam a sensibilidade de seu tempo, o que o dispõe a correr o risco de não ser compreendido por seus contemporâneos.

As pessoas são educadas e compreendem mais facilmente o que já foi digerido pela crítica e consagrado pelos acadêmicos. Por isso, é mais fácil repetir fórmulas consagradas e se arriscar menos se quiser ter o sucesso garantido. Os filmes, as músicas, a literatura e a moda, voltadas para o grande público, preferem repetir fórmulas consagradas a promoverem uma revolução na estética.


Eternizar o belo do efêmero
O artista que não se conforma com repetir receitas de sucesso, que procura traduzir o eterno no atual, corre o risco de ser incompreendido, de ser considerado produtor de uma arte "marginal". Esse artista pode não encontrar o devido reconhecimento em seu próprio tempo.

Isso não quer dizer que a arte está destinada a ser incompreendida ou que se dirige a uma minoria. Mesmo a arte erudita pode ser uma repetição de fórmulas de sucesso diferenciando-se apenas pelo poder aquisitivo de seus consumidores. Nisso a arte diferencia-se da moda, já que no caso da moda, o sucesso não pode servir como critério para definir se uma obra é realmente boa ou não.

O artista pode se sentir inseguro por não ter parâmetros claros capazes de avaliar sua obra, já que toda obra de arte é justamente a reinvenção dos parâmetros tradicionais e o rompimento com as formas cristalizadas. Mas a insegurança, a falta de referências e o esfumaçar de tudo que é sólido são justamente características da modernidade. Cabe ao artista a tentativa de construir uma obra capaz de eternizar o belo volátil do efêmero que, como a moda, passa.

Filosofia no cotidiano!!



Atenas (foto), na Grécia Antiga, tornou-se um símbolo do ideal de democracia, pois foi ali que surgiram, no Ocidente, as primeiras ideias sobre as melhores maneiras de os homens se governarem. Essa reflexão é a base da Política, que é a arte ou a ciência de como se administra uma sociedade. Sabe por que isso também faz parte da filosofia?


Política
A arte ou ciência de governar

Antonio Carlos Olivieri*

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
Você sabia que quem não se interessa por política, acaba sendo governado por aqueles que se interessam? É isso mesmo. As decisões do governo de um país dizem respeito diretamente a todos aqueles que vivem ali. Delas dependem, por exemplo, o preço das coisas, a qualidade das escolas, dos hospitais e dos medicamentos, e até a possibilidade de acessar livremente a Internet - o que os chineses estão proibidos de fazer pelo governo comunista de Pequim.

Levando em consideração o fato de a política interferir na vida de todos nós, é fácil concluir que não é conveniente para ninguém ser completamente ignorante em matéria de política. Para compreender bem a questão, entretanto, é necessário recorrer aos estudos históricos, pois as atividades políticas são tão antigas quanto a própria humanidade.


Um pouco de filosofia
A palavra política deriva do grego "politikós", adjetivo que significa tudo o que se refere à cidade (em grego, "pólis"). Mas o conceito de "pólis" é mais abrangente do que o nosso conceito de município. Na Grécia antiga, entre os séculos 8 e 6 a.C, surgiram as "pólis", que eram, ao mesmo tempo, a cidade e o território agropastoril em seus arredores, que formavam uma unidade administrativa autônoma e independente: uma cidade-Estado, quase como um país nos dias de hoje. Atenas e Esparta são as cidades-Estado mais famosas da Antiguidade grega.

De qualquer modo, inicialmente, a expressão política referia-se a tudo que é urbano, civil, público. O significado do termo, porém, expandiu-se graças à influência de uma obra do filósofo Aristóteles (384-322 a.C), intitulada Política. Nela, o filósofo desenvolveu o primeiro tratado sobre a natureza, funções e divisão do Estado - ou seja, o conjunto das instituições que controlam e administram um país - e sobre as várias formas de governo.

Política, então, passou a designar a arte ou ciência do governo, isto é, a reflexão sobre essas questões, seja para descrevê-las com objetividade, seja para estabelecer as normas que devem orientá-la. Durante séculos, o termo passou a ser usado para designar obras dedicadas ao estudo das atividades humanas que de algum modo se refere ao Estado. Entretanto, nos dias de hoje, ele perdeu seu significado original, que foi gradativamente substituído por outras expressões, como "ciência política", "filosofia política", "ciência do Estado", "teoria do Estado", etc. Política passou a designar mais as atividades, as práticas relacionadas ao exercício do poder de Estado.


Política e poder
Entendido como forma de atividade ou de prática humana, o conceito de política, está estreitamente ligado ao conceito de poder. O filósofo britânico Bertrand Russell (1872-1970) define o poder como "o conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados". Um desses meios é o domínio do ser humano sobre a natureza. Outro é o domínio de alguns homens sobre outros homens.

Neste último sentido, podemos ampliar o conceito de poder definindo-o como uma relação entre dois sujeitos, dos quais um impõe a sua própria vontade ao outro, determina-lhe a maneira de se comportar. O domínio sobre os homens, contudo, não é geralmente um fim em si mesmo. De acordo com Russell, trata-se de um meio para obter "alguma vantagem".

Está claro que o poder político pertence à categoria do poder do homem sobre o outro homem (e não sobre a natureza). Essa relação de poder pode ser expressa de mil maneiras, como a relação entre governantes e governados, entre soberanos e súditos, entre Estado e cidadãos, etc. Porém, é importante ressaltar que há várias formas de poder do homem sobre o homem e que o poder político é apenas uma delas.


Dinheiro, ciência e armas
É possível distinguir três grandes tipos de poder do homem sobre o homem. Para começar, há o poder econômico, exercido quando alguém se vale da posse de certos bens para levar aqueles que não os possuem a um certo tipo de comportamento, que, em geral, é a realização de algum tipo de trabalho. Evidentemente, esse é o poder que o patrão exerce sobre os seus empregados.

Mas há também o poder ideológico, o poder das ideias, do saber, do conhecimento, que permite o domínio sobre a natureza. Esse poder tem sido exercido pelos "sábios" ao longo da história. Nas sociedades primitivas, eram os sacerdotes. Nas sociedades contemporâneas, são os intelectuais ou cientistas. Pense, por exemplo, no poder que um médico pode exercer sobre o seu paciente, já que dispõe do conhecimento necessário para lhe devolver a saúde.

Finalmente, existe o poder político, que se baseia na posse dos instrumentos mediante os quais se exerce a força física (as armas e toda espécie de potência): é o poder de coação, no sentido mais estrito da palavra. Exemplo: se alguém desobedecer a uma determinada lei, o governo tem poder para ordenar a sua prisão por policiais. Em caso de resistência, os policiais têm até o direito de usar suas armas.


Poder político é o poder supremo
Por se tratar de um poder cujo meio específico é a força, o poder político é o poder supremo, ao qual os demais estão subordinados. Embora o uso da força seja o elemento que distingue o poder político dos demais, esse uso é uma condição necessária, mas não suficiente, para tornar a sua existência legítima. Não é qualquer grupo social em condições de usar a força - como os narcotraficantes, por exemplo - que exerce o poder político.

O poder político conta com a concordância de toda a sociedade para usar a força, para ter o seu monopólio, inclusive com o direito de incriminar e punir todos os atos de violência que não sejam executados por pessoas autorizadas.

Isso se torna mais claro quando se pensa na execução de alguém que cometeu um assassinato, nos países onde há pena de morte. Nesses lugares, o Estado tem o direito de tirar a vida de um cidadão para puni-lo por seu crime - embora esse direito seja cada vez mais questionado pela sociedade e pelos cientistas jurídicos.


Limites do poder político
Além da exclusividade do uso da força, ainda podem ser apontadas como características do poder político: a universalidade, ou seja, a capacidade de tomar decisões que valham para toda a coletividade, no que se refere à distribuição e destinação dos recursos (naturais, humanos e econômicos) no seu território; e a inclusividade, isto é, a possibilidade de intervir em todas as esferas de atividade do grupo e de encaminhar essa atividade ao fim desejado, por meio das leis, ou seja, as normas ou regras destinadas a todo o grupo.

Isso não quer dizer, todavia, que o poder político não tenha limites, mas estes variam de acordo com o tipo de Estado. O Estado socialista, por exemplo, estende seu poder à esfera econômica e planeja como a economia deve caminhar. Já o Estado liberal clássico (capitalista) não aceita a intervenção nessa área, deixando que a economia seja regulada por suas próprias necessidades e características peculiares.

No Estado totalitário, como as ditaduras, o poder político se intromete em qualquer campo da atividade humana. Entre 1922 e 1943, na Itália, a ditadura fascista de Benito Mussolini chegava a dar prêmios a casais que tivessem muitos filhos, pois estavam gerando cidadãos para servir ao Estado.


Objetivo da política
Por fim, é conveniente lembrar que até agora tratou-se dos meios da política. Mas ela também tem um objetivo, uma meta, uma finalidade. Uma finalidade mínima e básica, que é comum a toda e qualquer atividade política: a ordem pública nas relações internas do país e a defesa da integridade nacional nas relações exteriores, de um Estado com os outros Estados.

Esta é a finalidade mínima porque é a condição essencial para a obtenção de todos os demais fins (desenvolvimento econômico, segurança e saúde, educação, etc.) que, generalizando, devem garantir o bem-estar do povo. Até mesmo o partido que subverte a ordem não faz isso como um objetivo final, mas como fator necessário à mudança da ordem existente e a criação de uma nova ordem.

Filosofia no cotidiano!!


Além do preconceito racial, combatido por Martin Luther King (foto) nos Estados Unidos, a origem ou a posição social, a religião, a nacionalidade e a orientação sexual têm motivado há muito tempo a intolerância dos seres humanos entre si. O que é o preconceito e como se pode combatê-lo? Veja como a filosofia encara a questão.


Preconceito

A ética e os estereótipos irracionais
Antonio Carlos Olivieri*

Da Página 3 Pedagogia & Comunicação



Ética é a área da filosofia que estuda o comportamento humano. Portanto, um problema ético de grande relevância e interesse é o preconceito, uma vez que se trata de um comportamento que cria vários problemas práticos para o ser humano. Para o filósofo, ou melhor, no âmbito filosófico, para se tratar do tema, a primeira questão a ser levantada é: o que é ou em que consiste o preconceito?

A resposta que se dará a essa questão aqui tem como base as ideias do filósofo e jurista italiano Norberto Bobbio, cujas posições éticas e políticas costumam ser acolhidas pelos mais diferentes grupos, sejam de direita ou esquerda, por exemplo. Ao analisar o preconceito, Bobbio deixa claro que ele se constitui de uma opinião errônea (ou um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio, da razão.



O estereótipo
Em geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, um estereótipo, do tipo "todos os alemães são prepotentes", "todos os americanos são arrogantes", "todos os ingleses são frios", "todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são metidos", etc. Fica assim evidente que, pela superficialidade ou pela estereotipia, o preconceito é um erro.

Entretanto, trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença, não do conhecimento, ou seja ele tem uma base irracional e por isso escapa a qualquer questionamento fundamentado num argumento ou raciocínio. Daí a dificuldade de combatê-lo. Ou, nas palavras do filósofo italiano, "precisamente por não ser corrigível pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o preconceito é um erro mais tenaz e socialmente perigoso".


Ao apresentar a base irracional do preconceito, Bobbio levanta a hipótese de que a crença na veracidade de uma opinião falsa só se torna possível por que essa opinião tem uma razão prática: ela corresponde aos desejos, às paixões, ela serve aos interesses de quem a expressa.



Preconceitos coletivos
Bobbio distingue os preconceitos individuais, como as superstições, por exemplo, dos coletivos. Fixa sua atenção nos nestes últimos, porque os primeiros são inócuos, não produzem resultados graves. Ao contrário do que ocorre quando um grupo social apresenta um juízo de valor negativo sobre outro grupo social. Dizer que os homens são diferentes entre si é um juízo de fato, mas, a partir disso, não existem elementos que fundamente juízos de valor que considerem um grupo de homens superior a outro. É precisamente essa diferenciação valorativa que costuma servir de base à discriminação, à exploração, à escravização ou à eliminação de um grupo social por outro.


Racismo no Brasil
O tipo de preconceito mais frequente em nosso país é o racial. O racismo no Brasil fica mais evidente quando o brasileiro identifica o negro com seu papel social. A constatação, obtida por meio de pesquisa, é da psicóloga e professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Ângela Fátima Soligo.

Em sua pesquisa, a professora pediu aos entrevistados que atribuíssem dez adjetivos aos homens e mulheres negros. Nessa primeira fase, houve equilíbrio. Os pesquisados utilizaram adjetivos positivos para definir os negros, como competentes, alegres, fortes. Em seguida, eles foram estimulados a qualificar esses adjetivos, atribuindo-lhes características.


O resultado final revelou que a maioria dos entrevistados, aí incluídos também os negros, limita-se a reproduzir os chavões sociais. O negro é alegre porque gosta de samba e Carnaval, forte porque se dá bem nos esportes e competente para trabalhos braçais. "O adjetivo é positivo, mas o papel social ligado ao negro mostra um preconceito arraigado na nossa cultura", concluiu a estudiosa.


Mesmo nas exceções, a regra se confirmou. "Houve um entrevistado que disse que o negro pode ser um advogado competente, mas apenas para livrar outros negros da cadeia, isolando-os à condição de bandidos e marginais". A pesquisa reforçou a tese de que o brasileiro pratica um "racismo camuflado": em tese, diz que não tem preconceito, mas prefere limitar as possibilidades e potencialidades da raça negra. Por exemplo, na pesquisa, não houve identificação do negro com o intelectual ou o político.


Os dados da pesquisa foram semelhantes em todos os estados pesquisados, inclusive na Bahia - cuja capital, Salvador, tem população predominantemente negra e esta culturalmente ligada a tradições africanas. Ela apontou que o modelo, a conduta e a história dos brancos são mais valorizados em nossa sociedade. Com isso, os próprios negros acabam incorporando uma imagem negativa sobre sua raça.


O problema do racismo brasileiro é antigo. Tem início por volta do final do primeiro século de colonização, quando os portugueses constataram a impossibilidade de escravizar os índios. O negro, então, foi trazido à força para o país, para servir de escravo nas plantações de cana de açúcar. Independentemente da miscigenação, o negro e os mestiços sempre foram discriminados socialmente no Brasil.


A própria legislação brasileira, durante quase 500 anos, estimulou a discriminação e o preconceito. Nem após a abolição da escravatura e a proclamação da República, o negro deixou de ser discriminado. Só em 1988, com a promulgação da Constituição que está em vigor (art. 5º - inciso XLII), a prática do racismo passou a ser considerada um crime inafiançável e imprescritível.



Nazismo: um regime político racista
O Nazismo ou Nacional-Socialismo foi uma doutrina que exacerbava as tendências nacionalistas e racistas e que constituiu a ideologia política da Alemanha, durante a ditadura de Adolf Hitler (1939-1945). O pensamento nazista apregoava a superioridade cultural e racial dos alemães, que estariam vocacionados a impor-se sobre os outros povos da Europa. Elegeu como seus inimigos ideológicos o liberalismo e o comunismo, que estariam corrompendo as nações européias e pelos quais seriam os responsáveis o povo judeu.

Considerados como uma raça inferior, além de inimigos do regime, os judeus foram inicialmente discriminados e, depois, violentamente perseguidos. Não só na Alemanha mas em todos os países que foram dominados pelo nazismo, a partir de 1939, os judeus tinham seus bens confiscados pelo Estado e eram confinados em guetos. Com o início da guerra, passaram a ser utilizados como escravos. O ápice do projeto nazista para os judeus, entretanto, era a chamada "solução final", ou seja, o extermínio de todos os judeus europeus. Estima-se que seis milhões de judeus tenham sido massacrados pelo nazismo.


Vale, porém, lembrar que o furor do preconceito nazista não se restringiu aos judeus. Outros povos também foram perseguidos, como os ciganos, ou considerados inferiores, como os eslavos. O nazismo também perseguiu e confinou os homossexuais e chegou a instituir um programa de eliminação dos deficientes mentais da Alemanha.


A esse propósito, pode-se apresentar os diversos tipos de preconceitos sociais mais frequentes, deixando de lado o racismo, já suficientemente comentado:


a) Preconceito quanto à classe social:
Em geral, é a tendência a considerar o "pobre" como um ser humano inferior, em função de sua pobreza, para prevalecer-se dele. A diferença social não pode ser transposta para o plano intelectual ou moral. Neste último, em especial, todos os homens desfrutam e devem desfrutar de uma mesma dignidade.


b) Preconceito quanto à orientação sexual:
Atualmente, é cada vez mais reconhecido, inclusive no aspecto legal, o direito de o indivíduo se relacionar sexual e afetivamente com outro(s) indivíduo(s) do mesmo sexo. A escolha sexual não interfere no caráter e não é obstáculo ao desenvolvimento de qualquer atividade. A homossexualidade (homo = igual), porém, ainda é muito discriminada no Brasil, o que é um resquício da sociedade patriarcal e machista que o país foi até cerca de 40 anos atrás.


c) Preconceito quanto à nacionalidade:
Entre nós, brasileiros, é frequente tachar os portugueses de burros. Isso também é um vestígio do passado colonial: uma forma de nos vingarmos do povo que naquela época mandava em nosso país. Em São Paulo, no começo do século 20, devido à imigração, havia preconceito contra os italianos, chamados pejorativamente de "carcamanos". Na Argentina, há décadas atrás, os brasileiros eram chamados de "macaquitos", por supostamente imitarem as modas vindas dos Estados Unidos.


d) Preconceito contra deficientes:
Há uma grande diferença entre deficiência e incapacidade. No entanto, não é incomum que os deficientes sejam discriminados, particularmente em termos profissionais. Recentemente, o governo brasileiro tem desenvolvido políticas que visam a integrar o deficiente à sociedade e coibir a discriminação.


Finalmente, você pode estar se perguntando: tudo bem, já está muito claro o que é preconceito, como ele se origina e quais são seus tipos mais frequentes, mas a questão principal é como acabar com ele? Pois bem, veja a resposta dada pelo próprio Norberto Bobbio:



“Quem quer que conheça um pouco de história, sabe que sempre existiram preconceitos nefastos e que mesmo quando alguns deles chegam a ser superados, outros tantos surgem quase que imediatamente.
Apenas posso dizer que os preconceitos nascem na cabeça dos homens. Por isso, é preciso combatê-los na cabeça dos homens, isto é, com o desenvolvimento das consciências e, portanto, com a educação, mediante a luta incessante contra toda forma de sectarismo. Existem homens que se matam por uma partida de futebol. Onde nasce esta paixão senão na cabeça deles? Não é uma panacéia, mas creio que a democracia pode servir também para isto: a democracia, vale dizer, uma sociedade em que as opiniões são livres e portanto são forçadas a se chocar e, ao se chocarem, acabam por se depurar. Para se libertarem dos preconceitos, os homens precisam antes de tudo viver numa sociedade livre.”

Filosofia no cotidiano!!


A imagem de um homem com longas barbas brancas para traduzir a ideia de Deus se tornou comum desde o Renascimento, como se vê pelo conhecido afresco de Michelangelo. A reflexão sobre existência de um Criador, porém, é um dos temas mais antigos da filosofia. Conheça os grandes debates que ele motivou da Antiguidade aos dias de hoje.

DEUS
Reflexão sobre a divindade integra a filosofia

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

Deus, segundo Michelangelo, no teto da Capela Sistina
Segundo Aristóteles (384-322 a.C.), a filosofia nasce de uma atitude de assombro do homem em relação às coisas do mundo, um estado de encanto e surpresa, que o leva a procurar explicações para elas. Desde que as explicações mitológicas (sobrenaturais) para a origem e o existir do mundo e das coisas deixaram de satisfazer aos primeiros pensadores, a filosofia se desenvolveu na Grécia antiga. Os filósofos buscavam outras explicações, de caráter natural, para o que viam ao seu redor.

Nessa procura pelas explicações, no entanto, nunca deixaram de esbarrar no "sobrenatural", em algo que estava além do visível, quando não do pensável. Por conseguinte, Deus - seja lá o que se entenda por esta palavra - foi sempre uma das grandes questões filosóficas ao longo dos últimos 2,5 milênios.

A reflexão sobre Deus é quase inerente à filosofia. Ao contrário da ciência, que, voltada para objetos específicos, pode dispensar interrogações sobre Deus e concentrar-se no seu alvo, a filosofia é mais ambiciosa e procura respostas para questões que, num certo sentido, as ciências nem precisam se colocar, para verificar leis ou dimensões dos fenômenos naturais (não custa relembrar que o radical de fenômeno, em grego antigo, significa "aparência").
Quatro linhas de raciocínio
Para a filosofia e para o ser humano, porém, Deus sempre foi um imenso ponto de interrogação. Quem ou o que é Deus? Como se pode ou não provar sua existência? Foram essas as questões fundamentais que os filósofos, a partir dos pré-socráticos, se colocaram. Ao serem respondidas - ao longo de mais de dois milênios da história da filosofia -, quatro linhas de raciocínio foram estabelecidas. Elas se desenvolveram de acordo com:

1) A relação de Deus com o mundo, considerando-se Deus como causa do mundo;
2) A relação de Deus com a ordem moral, identificando-se Deus com o Bem;
3) A relação de Deus consigo mesmo, pois, de acordo com as diversas concepções, ele pode ser um ou vários entes;
4) A relação de Deus com os homens ou quais os acessos do homem a Deus.
O primeiro motor
Examinando a primeira relação, nota-se que ela foi entendida de três modos diferentes. O mais antigo deles, encontrado em Anaxágoras (c. 500-428 a.C.), foi também desenvolvido por Platão (428-347 a.C.) e Aristóteles. Platão concebe Deus como "artífice do mundo", porém com um poder limitado pelo modelo que ele imita: o mundo das ideias ou das realidades eternas.

Já Aristóteles considera que Deus é o "primeiro motor" ao qual necessariamente se filiava a cadeia de todos os movimentos, pois tudo o que se move é movido por outra coisa. Não pode existir efeito sem causa.

No entanto, para Aristóteles, além de causa primeira, Deus é também a causa final que cria a ordem do universo. O filósofo compara o universo a um exército "que consiste de sua ordem e de seu comandante, mas especialmente deste último, pois ele não é o resultado da ordem, mas a ordem depende dele". (Note a sutileza do raciocínio.)
Panteísmo
O segundo modo da primeira relação não exclui o anterior, mas parte da proposição de que a natureza do mundo é um prolongamento da vida de Deus. Platão, por exemplo, chamava o mundo de "Deus gerado [por ele mesmo]". Essa concepção se concretiza no panteísmo (o prefixo grego pan significa "cada um, todos, totalidade") que cria um laço entre Deus e o universo: ambos se identificam, são concebidos como uma única realidade integrada.

O panteísmo adquiriu forma com os estóicos, mas amadureceu entre os neoplatônicos, com destaque para Plotino (205-270). Este filósofo considera o mundo como uma emanação de Deus, assim como ocorre com uma luz em relação a sua fonte. Para Plotino, Deus não só é superior ao mundo, mas também inexprimível em termos do mundo.

Ele só é apreensível ao êxtase místico. Por isso, ele não pode ser objeto de uma ciência positiva que determine sua natureza. Muito pelo contrário, só uma teologia negativa ajuda a compreendê-lo - a partir do que ele não é.

Concepções panteístas se manifestam não só em filósofos da Antiguidade, mas também da Idade Média, como Escoto Erígena (819-877) e Nicolau de Cusa (1401-1464); da Idade Moderna, como Espinosa (1632-1677) e Hegel (1770-1831), e de filósofos do século 20, como Alfred Whitehead (1861-1947) e Henri Bergson (1859-1941).
Cristianismo
Finalmente, há filósofos que consideram Deus como o "criador" do mundo, o Ser do qual provêm os outros seres. Esta visão advém do cristianismo e coloca a fé como coadjuvante da razão. Com Cristo, Deus se revelou ao homem e é a partir dessa crença (não racional) que a razão entra em cena para solucionar os problemas postos pela realidade.

Essa linha filosófica acentua a eternidade e a imutabilidade de Deus diante da temporalidade e da mutabilidade do mundo. Antes da criação não existia o tempo. Portanto, nem faz sentido falar em antes ou perguntar-se o que Deus fazia então, diz Santo Agostinho (354-430), em suas "Confissões" (o físico inglês contemporâneo Stephen Hawking, autor de "Uma Breve História do Tempo", de certa forma concorda com isso, pois considera que o tempo passou a existir após o Big Bang).

Contemporaneamente, desenvolveu-se a impressão de que a filosofia está ligada ao ateísmo ou, no mínimo, que ela se opõe aos dogmas cristãos. Essa impressão, porém, não tem fundamento histórico: filósofos como Kant e Hegel, por exemplo, estavam longe de ser ateus, da mesma maneira que Kierkegaard (1813-1855) foi cristão e filosofou a partir das crenças cristãs. Já Bergson, de origem judaica, aproximou-se do catolicismo ao final de sua vida.
Deus e a ordem moral
Quanto à segunda relação - Deus com a ordem moral -, também se podem distinguir três pontos de vista básicos.

1) Deus é a garantia da ordem moral no pensamento do iluminista alemão Immanuel Kant (1724-1804), filósofo que é um divisor de águas na história dessa disciplina. Para Kant, em termos metafísicos ou teóricos, no âmbito da razão pura, aquela que orienta uma ciência como a matemática, por exemplo, é impossível demonstrar a existência ou a inexistência de Deus.

"Deus é um postulado da razão prática [aquela que orienta a ação], pois torna possível a união da virtude e da felicidade, em que consiste o sumo bem que é o objeto da lei moral". Em termos mais simples: só de uma vontade perfeita, a divina, se pode esperar o bem supremo que a lei moral nos obriga a ter como objetivo de nossos esforços.

2) Muito antes de Kant, porém, os estóicos já identificavam Deus com a própria ordem moral, considerando Deus como Providência e Destino, uma entidade de ordem racional que compreende em si mesma, os eventos do mundo e as ações do homem. Essa visão também pode ser encontrada em Hegel que considera a história do mundo o plano da Providência.

3) O último ponto de vista, essencialmente cristão, coloca Deus como criador da ordem moral e, nesse sentido, atribui ao homem o livre arbítrio de segui-la ou não. Nesses termos, filosofia e teologia se confundem, mas as duas conseguem uma expressão perfeita, em termos éticos, nas palavras de São Paulo: "tudo é permitido, mas nem tudo me convém".
Politeísmo e monoteísmo
A terceira linha de raciocínio examina a relação de Deus consigo mesmo ou a de Deus com a Divindade. Dela decorrem as concepções politeístas e monoteístas. O politeísmo concebe Deus como diferente da divindade, assim como um homem é diferente da humanidade. Portanto, podem existir muitos deuses.

As doutrinas que admitem qualquer distinção entre Deus e a divindade têm em mente que esta pode ser compartilhada por muitos entes. O próprio Aristóteles, o da "causa primeira", acreditava que a demonstração da existência de um primeiro motor servia também para a existência de tantos motores quanto são os movimentos das esferas celestes, que eram 47 ou 55, respectivamente ao ponto de vista de dois astrônomos em quem o filósofo acreditava.

Além disso, é interessante notar que Plotino - aquele que falava acerca de um Deus que se emana no mundo - não identificava unidade com unicidade. A unidade também contém a multiplicidade para o sábio neoplatônico. Premissa maior: Deus é uno. Premissa menor: Todas as coisas dele emanam. Conclusão: Deus não é único. Um silogismo perfeito.

Também não se pode deixar de destacar o fato de o politeísmo não se restringir ao paganismo da Antiguidade. O panteísmo de filósofos modernos ou contemporâneos não deixa de ser um politeísmo. O empírico escocês David Hume (1711-1776) atribuiu valor positivo ao politeísmo, que é um verdadeiro obstáculo à intolerância religiosa. Se há muitos deuses na minha religião, seria uma contradição eu me opor aos deuses de outras crenças religiosas (repare na atualidade dessa ideia, num mundo como o nosso em que o fanatismo se transforma em terríveis espetáculos terroristas).
São Tomás de Aquino
Por outro lado, quando se identificam Deus e divindade, sendo esta uma característica que só se pode atribuir ao próprio Deus, eis o monoteísmo, advogado pelo filósofo cristão Tomás de Aquino (1227-1274), na "Suma Teológica", uma obra célebre. Segundo São Tomás, também chamado de "doutor angélico", aquilo que torna algo singular, único, não é comunicável a outras coisas.

Mais ainda, aquilo que torna Sócrates homem não se confunde com aquilo que torna Sócrates somente o homem que ele, e mais ninguém, é. Do contrário, não poderia haver mais de um Sócrates ou mais de um homem. Ora, esse é precisamente o caso de Deus. Além disso, como a divindade é incomunicável, ela não pode ser compartilhada por mais de um Deus. Conclusão: há um só Deus (Sua trindade é um mistério impenetrável).

Essas considerações sobre o monoteísmo e o politeísmo devem levá-lo a filosofar um pouco: politeísmo não é a manifestação de mentalidades primitivas, em termos culturais, como se costuma pensar. Ele se apresenta mais como uma alternativa filosófica legítima, que talvez ajude a inovar o conceito de Deus.
O acesso a Deus
Finalmente, na quarta relação - do acesso do homem a Deus - também se distinguem três pontos de vista: a) o conhecimento de Deus é alcançado pela iniciativa do homem, através da filosofia, da especulação racional sobre Deus; b) o conhecimento só se dá através da revelação divina; c) a revelação é a conclusão do esforço do homem para chegar a Deus.

Sem dúvida, o primeiro ponto de vista é o mais filosófico, enquanto os outros são mais religiosos. Mesmo assim, o princípio de que a revelação não anula nem inutiliza a razão está na base de toda a filosofia escolástica da Idade Média. No Renascimento, a revelação inspira e sustenta a racionalidade. Fé e razão colaboram entre si, não são uma antítese.

No séculos 16, 17 e 18, foi feita progressivamente uma distinção entre a ideia de revelação histórica e revelação natural, que ocorre através da razão. No Romantismo, a revelação é uma manifestação de Deus na realidade natural e histórica, como pensaram Hegel e Schelling (1775-1854). O filósofo e político italiano Vincenzo Gioberti (1801-1852) considera como base do conhecimento a intuição, que, segundo ele, é a revelação imediata de Deus ao homem.
A cifra da transcendência
Contemporaneamente, o ateísmo ganhou força, mais no âmbito científico do que filosófico. Grande parte das reflexões filosóficas atuais, quando não cristãs, têm caráter panteísta. Apesar de se tratar de um conceito datado do século 18, há quem fale mais recentemente num panenteísmo, uma conciliação entre o monoteísmo e o panteísmo, que admite que tudo o que existe, existe em Deus, consistindo em revelação e realização de Deus.

Para terminar, é bom lembrar de linhas de pensamento que põem ênfase na transcendência de deus. Para Karl Jaspers (1883-1969) a inatingibilidade de Deus, o fracasso inevitável do homem em sua tentativa de alcançar a transcendência é a única revelação possível. Esta é o que ele chama de a "cifra" da transcendência, o símbolo sob o qual o transcendente pode estar presente na existência humana, sem adquirir caracteres objetivos, e, simultaneamente, sem fazer parte da nossa vida subjetiva

Filosofia no cotidiano!!


Em "A perfídia das imagens", o surrealista René Magritte fez o desenho quase fotográfico de um cachimbo e escreveu em baixo: "Isto não é um cachimbo". Não se pode discordar dele, pois aquilo é, de fato, a imagem de um cachimbo. Ou seja, as aparências enganam! Deve-se duvidar de tudo? É o que recomendam alguns filósofos.








CETICISMO
Deve se duvidar de tudo
Josué Cândido da Silva*

Especial para Página 3 Pedagogia & Comunicação

Para Kant, o cético nos lembra de que pensar não é um fim, mas uma atividade
Se alguém lhe perguntasse "O que você conhece?", você poderia pensar em uma porção de coisas, a maioria delas adquiridas em sua experiência cotidiana. Mas se a pessoa insistisse e perguntasse "Algo do que você sabe é realmente verdade? Apostaria sua vida nisso?", essas questões complicariam um bocado as coisas.

Eu, por exemplo, poderia dizer que tenho certeza que sou filho dos meus pais, mas talvez eu tivesse sido adotado ou trocado na maternidade e estar enganado a esse respeito. Poderia ainda estar enganado sobre uma série de outras coisas que até então julgava certas. E se reparar direito, tudo o que eu tenho são crenças, algumas até muito razoáveis, mas nada de que eu possa dizer que é uma verdade irrefutável. Percebo, então, que me falta um parâmetro para examinar as minhas crenças e verificar quais são realmente certas e quais são falsas.
Condições universais de validade
Durante a história da filosofia, vários foram os filósofos que tentaram estabelecer as condições para que algo fosse tomado como absolutamente verdadeiro, isto é, uma verdade que independesse de fatores circunstanciais e que fosse algo que não fosse verdadeiro para mim ou para um grupo de pessoas, mas para todos os seres racionais.

Você deve estar cansado de ver por aí grupos de pessoas com crenças estranhas, que dizem que eles estão certos e todos os outros enganados. Nesse caso, como decidir quem está certo? Votando? Mas se a maioria estiver errada e o pequeno grupo estiver certo, nunca conheceremos a verdade porque eles sempre perderão nas votações. É preciso que se trate de uma verdade universal, isto é, válida para todos, tanto para a maioria quanto para as minorias. Portanto, o que os filósofos investigam são as condições universais de validade, aquelas condições que independem das opiniões particulares que eu ou você possamos ter.
Ceticismo
Na investigação sobre as condições de validade do nosso conhecimento um grupo de filósofos merece destaque: os céticos. O termo cético vem da palavra grega skepsis, que significa "exame". Atualmente, dizemos que uma pessoa cética é alguém que não acredita em nada, mas não é bem assim. Um filósofo cético é aquele que coloca suas crenças e as dos outros sob exame, a fim de verificar se elas são realmente dignas de crédito ou não.

Pirro de Elis (360-275 a.C.) é considerado o fundador do ceticismo. Segundo ele, não podemos ter posições definitivas sobre determinado assunto, pois mesmo pessoas muito sábias podem ter posições absolutamente opostas sobre um mesmo tema e ótimos argumentos para fundamentar suas posições. Nesse caso, Pirro nos aconselha a suspensão do juízo e a mantermos nossa mente tranqüila (ataraxia). Ao invés de enfrentarmos o desgaste de acalorados debates que não produzirão certeza alguma, devemos manter silêncio (apraxia) e preservar uma atitude de suspeita diante de qualquer tipo de dogmatismo.

Depois de Pirro, muitos outros filósofos tornaram o ceticismo uma das mais importantes correntes filosóficas até os dias de hoje. Atualmente, alguns céticos defendem o probabilismo ou falibilismo, ou seja, na impossibilidade de encontrarmos verdades absolutas, seja pelas limitações de nossos sentidos e intelecto, seja pela complexidade da realidade, devemos tratar nossas crenças sempre como provisórias, como quem anda em gelo fino.

Desse modo, um cético nunca seria pego de surpresa se algo que todos acreditavam ser verdade se revelasse falso no futuro. Por outro lado, reconhecer que as verdades são provisórias não significa uma completa inação. Sabemos que os remédios são falhos, mas são a única coisa que temos para combater as doenças.

Isso também vale para o campo da ética. O filósofo Montaigne propunha que vivêssemos em harmonia com os costumes de nosso povo ou cultura, pois embora eles sejam falhos, são tão falhos quanto os de qualquer outro povo, não havendo razão para preferir este a aquele.
Despertar do sono dogmático
Conta a lenda que Pirro morreu enquanto dava aula de olhos vendados. Um aluno o teria alertado quanto ao precipício à sua frente. Cético, Pirro desconfiou do aluno e caiu. Essa lenda, obviamente, pretende mostrar os perigos de se duvidar de tudo. Mas será que um cético autêntico não duvidaria também de suas próprias dúvidas?

Odiado por alguns, o cético é como a abelha que aferroa o boi do conhecimento, retirando-o da mesmice das ideias prontas e acabadas, nos provocando, por meio da dúvida, a investigar a fundo os pressupostos de nossas crenças; ou, como diria Kant, o cético é aquele que nos desperta do nosso sono dogmático para lembrar-nos que pensar não é um fim, mas uma atividade.

Filosofia no cotidiano!!


Em "A Escola de Atenas", do pintor Rafael Sanzio, vê-se uma imagem sintética do pensamento humano: a reunião dos principais sábios do mundo antigo ao redor de Platão e Aristóteles, duas figuras fundamentais para o desenvolvimento filosófico e científico da humanidade. Sabe por que esses dois gregos são tão importantes?

ARISTÓTELES E O PAPEL DA RAZÃO
Nada está no intelecto antes de ter passado pelos sentidos
Josué Cândido da Silva*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

Apesar de ter sido discípulo de Platão durante vinte anos, Aristóteles (384-322 a.C.) diverge profundamente de seu mestre em sua teoria do conhecimento. Isso pode ser atribuído, em parte, ao profundo interesse de Aristóteles pela natureza (ele realizou grandes progressos em biologia e física), sem descuidar dos assuntos humanos, como a ética e a política.

Para Aristóteles, o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo das ideias era um artifício dispensável para responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro. Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa alma com o mundo das ideias, mas da experiência sensível. "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos", dizia o filósofo.

Isso significa que não posso ter ideia de um teiú sem ter observado um diretamente ou por meio de uma pesquisa científica. Sem isso, "teiú" é apenas uma palavra vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.

Mas nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é no que ela tem de essencial. Por exemplo, se digo que "todos os cavalos são brancos", vou deixar de fora um grande número de animais que poderiam ser considerados cavalos, mas que não são brancos. Por isso, ser branco não é algo essencial em um cavalo, mas você nunca encontrará um cavalo que não seja mamífero, quadrúpede e herbívoro.
O papel da razão
Conhecer é perceber o que acontece sempre ou frequentemente. As coisas que acontecem de modo esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser baixa ou alta, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é essencial. Aristóteles chama essas características de acidentes.

O erro dos sofistas (e de muita gente ainda hoje) é o de tomar algo acidental como sendo a essência. Através desse artifício, diziam que não se pode determinar quem é Sócrates, porque se Sócrates é músico, então não é filósofo, se é filósofo, então não é músico. Ora, Sócrates pode ser várias coisas sem que isso mude sua essência, ou seja, o fato de ser um animal racional como todos nós.

Mas como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da razão.

A razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, percebo que eles são muito diferentes uns dos outros, mas será que existe algo que todos tenham em comum que me permita classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim, há: todos têm seis pernas. Se abstrairmos mais um pouco, perceberemos que os insetos são animais, como os peixes, as aves...
Ato ou potência
E poderíamos ir mais longe, separando o que é ser, do que não é. E aqui chegamos à outra grande contribuição de Aristóteles: se o ser é e o não-ser não é, como dizia Parmênides, então como é possível o movimento?

Segundo Aristóteles, as coisas podem estar em ato ou em potência. Por exemplo, uma semente é uma árvore em potência, mas não em ato. Quando germina, a semente torna-se árvore em ato. O movimento é a passagem do ato à potência e da potência ao ato.
Qual a causa?
Por outro lado, se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las. Conhecer é saber qual a causa de algo. Se tenho uma dor de estômago, mas não sei a causa, também não posso tratar-me. Conhecendo a causa é possível saber não só o que a coisa é, mas o que se tornará no futuro. Pois, se determinado efeito se segue sempre de uma determinada causa, então podemos estabelecer leis e regras, tal como se opera nos vários ramos da ciência.

Existem quatro tipos de causas: a causa final, a causa eficiente, a causa formal e a causa material. Por exemplo, se examinarmos uma estátua, o mármore é a causa material, a causa eficiente é o escultor, a causa formal é o modelo que serviu de base para escultura e a causa final é o propósito, que pode ser vender a obra ou enfeitar a praça.

Há uma hierarquia entre as causas, sendo a causa final a mais importante. A ciência que estuda as causas últimas de tudo é chamada de filosofia. Por isso, a tradição costuma situar a filosofia como a ciência mais elevada ou mãe de todas as ciências, por ser o ramo do conhecimento que estuda as questões mais gerais e abstratas.

Filosofia no cotidiano!!


Diante da imensidão das galáxias e dos inúmeros enigmas que ela propõe à nossa mente, os antigos gregos se sentiram admirados e perguntaram acerca de suas origens, da existência de um sentido para tudo que ele vê e de seu papel em meio à ordem do Universo. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Dessas questões surgiu a filosofia.


PRÉ-SOCRÁTICOS
Origens da filosofia e os primeiros filósofos gregos
Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

No livro "Paixão pelo Saber - Uma breve História da Filosofia, os filósofos norte-americanos Robert C. Solomon e Kathleen M. Higgins, ambos professores de filosofia na Universidade do Texas, apresentam de modo bastante sintético alguns pontos básicos sobre as origens da filosofia. Vale a pena conhecer o que os dois escreveram:

Se voltamos os olhos para o passado e contemplamos a totalidade da existência humana, o surgimento da filosofia e de filósofos parece um fenômeno realmente bastante estranho, uma secreção etérea que não pode ser explicada em termos de fisiologia ou de necessidade física. Talvez essa atividade notoriamente “inútil” fosse um subproduto de nossos cérebros avantajados, o resultado de pensamentos que ultrapassam as rotinas cotidianas e olham para além de si. A filosofia representou, sem dúvida, uma complicação a mais em nosso uso crescente da linguagem, à medida que um vocabulário rico de conceitos abstratos e subjetivos substituiu nossos grunhidos e rosnados utilitários e expressivos. Mas ideias filosóficas, de alguma forma – ideias sobre a natureza, suas forças e questões, sobre a morada da alma na vida após a morte, por exemplo –, são praticamente universais e podemos encontrar sua origens há dezenas de milhares de anos, na pré-história. Os homens de Neandertal tinham rituais de sepultamento e práticas que sugerem uma crença na continuidade da vida após a morte. Ideias sobre a existência e espíritos, deuses e deusas, e seres ativos e forças além do alcance da percepção humana direta têm também uma longa história. A curiosidade acerca da natureza, não apenas como necessidade prática mas como deslumbramento genuíno, remonta provavelmente a Cro-Magnon. Várias concepções de identidade coletiva e justiça – não só costumes e hábitos de vida em comum, mas mitos e racionalizações do território, do poder e da comunidade – antecedem sem dúvida a “civilização” por muitos séculos.
Em algum momento entre os séculos 6 e 7 antes da era cristã, no entanto, ideias filosóficas plenamente articuladas e sistemas de pensamento começaram a aparecer em vários lugares esparsos do globo. Em torno do Mediterrâneo e no Oriente Médio, na Índia e na China, surgiram filósofos, grandes filósofos cujas ideias iriam estabelecer os termos da filosofia em suas várias tradições por milênios no futuro. No Oriente Médio, os antigos hebreus desenvolveram sua concepção de um Deus uno e de si mesmos como o “povo escolhido”. Na Grécia, filósofos elaboraram as primeiras teorias científicas da natureza. Na China, os taoístas desenvolveram uma visão muito diferente da natureza, enquanto Confúcio criava uma poderosa concepção da sociedade e do indivíduo virtuoso que rege o pensamento chinês até hoje. Na India antiga, os primeiros teóricos hindus (os vedistas) comentavam a origem da natureza e do mundo, tal como descrita nos Vedas, e especulavam sobre ela, criando um rico panteão de deuses, deusas e ideias grandiosas.

Além de referir-se a épocas, Solomon e Higgins deixam claro que tipo de questões e ideias formam o que chamamos de pensamento filosófico. De acordo com alguns estudiosos, a filosofia inclui todo tipo de especulação sobre a vida e a morte que o ser humano tenha levantado, incluindo aí as reflexões de caráter religioso.
Para outros filósofos, porém, o pensamento filosófico surge na Grécia, por volta do século VI a.C., quando surgem as primeiras tentativas de explicação natural (e não sobrenatural) para os fenômenos da natureza. De fato, isso foi uma coisa nova e um dos momentos essenciais ao desenvolvimento humano, que deram um enorme impulso ao nosso conhecimento.
Os primeiros filósofos gregos
Os primeiros filósofos gregos tentaram entender o mundo com o uso da razão, sem recorrer à religião, à revelação, à autoridade ou à tradição. Além disso, também eram professores que ensinavam seus discípulos a usar a razão e a pensar por si mesmos. Eles os encorajavam a discutir, argumentar, debater e propor ideias próprias.
Tendo vivido entre o século 6 a.C e princípios do século 5 a.C., esses filósofos mais antigos, dos quais poucos conhecimentos foram conservados através dos tempos, são também chamados de pré-socráticos, por que antecederam Sócrates, o primeiro filósofo cujo método de pensar, bastante sistemático, foi efetivamente preservado para a posteridade.
Não se pode, porém, deixar de examinar, ainda que brevemente, o pensamento dos pré-socráticos. Ainda que só nos restem fragmentos de suas ideias, elas são surpreendentes. E não só por constituírem uma grande novidade para a época em que elas foram formuladas, mas também porque muitas delas ou conservam grande atualidade ou encontraram ressonância em filósofos de milênios posteriores, inclusive nossos contemporâneos.
Tales e Anaximandro
Para começar, pode-se mencionar Tales, da cidade de Mileto, na Ásia Menor (atual Turquia). As datas de seu nascimento e morte são ignoradas, mas sabe-se que ele atuou na década de 580 a.C. Tales de Mileto se perguntou: "De que é feito o mundo?". Chegou à conclusão de que ele era feito de um único elemento: a água. Afinal, todas as coisas precisam de água para viver, é a chuva que faz as plantas brotarem da terra e toda porção de terra termina na água.
Hoje sabemos que a resposta de Tales estava incorreta, mas não de todo. Na verdade, a física moderna chegou a uma conclusão semelhante à do antigo filósofo ao mostrar que todas as coisas materiais são redutíveis à energia.
Um discípulo de Tales, nascido na mesma cidade, Anaximandro (610 a.C.-546 a.C) desenvolveu outro raciocínio. Se a Terra fosse sustentada pela água, esta, por sua vez, deveria ser sustentada por outra coisa e assim sucessivamente, até o infinito. Disso, Anaximandro concluiu que a Terra não era sustentada por nada, mas um objeto sólido que flutuava no espaço e se mantinha em sua posição graças a sua equidistância em relação a tudo mais.
Heráclito e Pitágoras
Na mesma época, outro filósofo de outra cidade grega, Heráclito de Éfeso, desenvolveu dois raciocínios extremamente originais. Primeiro, a da unidade entre os opostos. Heráclito percebeu que o caminho para subir uma montanha é o mesmo para descer. Ou seja, trata-se de um mesmo caminho, embora ela conduza a direções opostas. A partir daí, o filósofo concluiu que a realidade surge justamente da contradição.
Por isso, a realidade é instável e está em constante movimento. "Tudo flui", dizia Heráclito. Com isso, queria dizer que nada é permanente. Ele comparava as coisas a uma chama que parece um objeto, mas é muito mais um processo. Para ele, portanto, a mudança é a lei da vida e do universo.
Pouco antes de Heráclito, outro filósofo também se destacava na cidade grega de Samos: Pitágoras. Supõe-se que ele tenha inventado o termo "filosofia", pois se definia como um amigo (filo) do saber (sofia). Com certeza, sabe-se que ele relacionou a filosofia à matemática, acreditando que a linguagem matemática poderia expressar com maior precisão as estruturas do universo.
Você tem dúvidas de que ele estava certo? Claro que não. A relação matemática/filosofia vingou, e chegou até física e aos filósofos contemporâneos como Bertrand Russell e Alfred Whitehead. Antes de seguir adiante, não se pode esquecer que Pitágoras é o autor do famosíssimo teorema que leva seu nome: num triângulo retângulo, a hiponenusa ao quadrado é igual à soma do quadrado dos catetos. Aliás, foi Pitágoras o inventor da ideia de "quadrado" e "cubo" de um número, traçando uma relação, até então inexistente, entre geometria e aritmética.
Xenófanes e Parmênides
Na última metade do século 6 a.C., pontificou outro grande filósofo: Xenófanes de Colofão. Para ele, o conhecimento é uma criação humana. Nós jamais conhecemos a verdade, mas vamos nos aproximando dela, à medida que aprendemos mais e vamos mudando nossas ideias, à luz do que aprendemos.
Nesse sentido, conhecer é fazer conjeturas que devem ser substituídas, quando se revelarem ultrapssadas. Essa ideia foi a chave que permitiu ao filósofo contemporâneo Karl Popper estabelecer os limites da ciência.
Na primeira metade do século 5 a.C., Parmênides, um discípulo de Xenófanes, desenvolveu uma reflexão contrária à de Heráclito. Parmênides considerou que é uma contradição afirmar que "nada existe". Para ele, tudo sempre existiu. O mundo, portanto, não tem princípio, nem foi criado: ele é eterno e imperecível. "Tudo é um", dizia Parmênides, e o que parece mudança ocorre, na verdade, no interior de um sistema fechado e imutável.
Empédocles e Demócrito
Sem discordar de Parmênides, Empédocles sustentava que tudo era composto de quatro elementos essenciais e perenes: terra, água, ar e fogo. Essa ideia influenciou o pensamento ocidental até o renascimento e a ideia dos quatro elementos é bastante conhecida ainda hoje, mesmo por quem não conhece história da filosofia.
Para terminar esse breve panorama do pensamento pré-socrático, é importante mencionar os filósofos Leucipo e Demócrito, chamados de "atomistas". Foram eles que teorizaram que se fôssemos reduzindo, por meio de cortes, qualquer coisa, chegaríamos a um momento em que a coisa estaria tão diminuta que não poderia ser cortada. Ou seja, chegaríamos ao átomo ("a" = prefixo de negação; "tomo" = cortar).
Segundo ambos, tudo que existe são átomos e espaço. As coisas são diferentes entre si por que são diferentes combinações de átomos no espaço. Mesmo que hoje saibamos que o átomo pode ser subdividido em partículas menores do que ele mesmo, não há como negar o avanço da concepção de Leucipo e Demócrito, não é mesmo?
Enfim, os pré-socráticos refletiram sobre a natureza do mundo procurando explicá-lo a partir de sua própria natureza e, se muito do que pensarem pode ser considerado um absurdo hoje em dia, seu pensamento inegavelmente foi o ponto de partida para o entendimento racional do mundo.
Sugestão de leituras
"O mundo de Sofia - romance da história da filosofia", de Jostein Gaarder (Companhia das Letras) é uma história da filosofia escrita especialmente para adolescentes. Quem quiser se aprofundar pelo tema, lendo um livro breve e muito atualizado, pode ler "Paixão pelo Saber - uma Breve História da Filosofia", de Robert C. Solomon e Kathleen M. Higgins (Civilização Brasileira), cujo trecho incial foi citado aqui.

Filosofia no cotidiano!!


Como o herói grego Odisseu percorreu os locais mais remotos do Oceano, o filósofo também tem de navegar por águas desconhecidas, em que não faltam criaturas monstruosas, para decifrar os segredos da mente humana. Esse é o significado de "Conhece-te a ti mesmo", o lema que constitui, para Sócrates, o ponto de partida da Filosofia

CONHECE-TE A TI MESMO
Sócrates e a nossa relação com o mundo

Josué Cândido da Silva*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

A figura de Sócrates é como um divisor de águas na Filosofia Antiga, tanto que os filósofos anteriores a ele são tradicionalmente chamados de pré-socráticos.

De fato, com Sócrates há uma mudança significativa no rumo das discussões filosóficas sobre a verdade e o conhecimento. Os primeiros filósofos estavam preocupados em encontrar o fundamento (arké) de todas as coisas. Sócrates, por sua vez, está mais interessado em nossa relação com os outros e com o mundo.

Curiosamente, Sócrates nada escreveu - e tudo o que sabemos dele é graças a seus discípulos, particularmente Platão. Sócrates teria tomado a inscrição da entrada do templo de Delfos como inspiração para construir sua filosofia: Conhece-te a ti mesmo.

Para compreendermos o sentido dessa frase, segundo o filósofo francês Michel Foucault (1926 - 1984), devemos inscrevê-la em uma estratégia mais geral do cuidado de si.

Ou seja, o que Sócrates pregava era que nós devemos nos ocupar menos com as coisas (riqueza, fama, poder) e passarmos a nos ocupar com nós mesmos. Poderia objetar-se: com que propósito deveria ocupar-me comigo mesmo? Porque é o caminho que me permite ter acesso à verdade. Mas que tipo de verdade? Obviamente não é uma verdade qualquer tal como a fórmula química da água, mas a verdade que é capaz de transformá-lo no seu próprio ser de sujeito.

É esse ato de conhecimento, capaz de promover nossa autotranscendência, de que fala Sócrates. Conhecer a mim mesmo para saber como modificar minha relação para comigo, com os outros e com o mundo.
Como ter acesso à verdade?
Tal modificação para ter acesso à verdade, contudo, não é um ato puramente intelectual. Ela exige, por vezes, determinadas renúncias e purificações, das quais Sócrates é um exemplo.

Sócrates dizia ter recebido de Deus a missão de exortar os atenienses, fossem eles velhos ou jovens, a deixarem de cuidar das coisas, passando a cuidar de si mesmos. Tal atitude o fez dedicar-se inteiramente à filosofia e à prática dialógica (uma forma especial de diálogo, denominada maiêutica) por meio da qual ele fazia com que seu interlocutor percebesse as inconsistências de seu discurso e se autocorrigisse.

A atitude de Sócrates questionava os valores da sociedade ateniense, razão pela qual seus inimigos o levaram ao tribunal, onde foi julgado e condenado à morte. Sua morte, porém, não impediu que a questão do cuidado de si se tornasse um tema central na filosofia durante mais de mil anos - e chegasse a influenciar alguns filósofos modernos e contemporâneos.

A questão central do cuidado de si é que jamais se tem acesso à verdade sem uma experiência de purificação, de meditação, de exame de consciência - enfim, através de determinados exercícios espirituais capazes de transfigurar nosso próprio ser.

Dito de outro modo, o estado de iluminação, de descoberta da verdade, não é produto do estudo, mas de uma prática acompanhada de reflexão constante sobre minhas ações, atitudes - e de como posso modificá-las para me tornar uma pessoa melhor. É como se a vida fosse uma obra de arte em que nós vamos nos moldando, nos aperfeiçoando no decorrer da existência.
A difícil busca da verdade
Atualmente, estamos distantes dessa perspectiva socrática do cuidado de si. A ciência moderna está preocupada com a produção e acumulação de conhecimentos.

Mas quando nos perguntamos: para quê acumulamos e produzimos conhecimento? A resposta é simplesmente: para aumentar infinitamente nosso conhecimento. Entramos, assim, numa corrida sem fim, em que nunca nos questionamos se isso realmente está trazendo os benefícios prometidos.

Claro que a tecnologia traz inegáveis benefícios, mas não parece que as pessoas, atualmente, estejam mais felizes. Pode-se alegar, no entanto, que não é papel do conhecimento e da ciência promover a felicidade humana - e que, talvez, conhecimento e ciência tenham a única função de contribuir para a concentração de poder e dinheiro nas mãos de alguns uns poucos.

Sócrates, porém, via a busca da verdade como um caminho de ascese, pois, quando cuidamos de nós mesmos, modificamos nossa relação com os outros e com o mundo.

Mergulhados em preocupações com a aparência e o consumo, pensamos estar cuidando de nós mesmos, quando na verdade estamos nos perdendo em meio às coisas. É preciso conhecer a si mesmo para não perder-se. Claro que você não vai encontrar toda verdade em si mesmo, mas, pelo menos, a única verdade capaz de salvá-lo.
O que há para ler
• Do filósofo Michel Foucault, a obra A hermenêutica do sujeito, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2004.

Você concorda com o aumento de salário de acordo com a avaliação do conhecimento do professor

Fique por dentro!!!

Para saber mais sobre nossos políticos é só acessar!! http://noticias.uol.com.br/politica/politicos-brasil/

Acessem!!!

Para saber mais sobre o presidente Lula é só acessar!!! http://www.osamigosdopresidentelula.blogspot.com/

Votando pela "Primeira vez"

Você que está votando pela primeira vez, deve visitar seguinte site para conhecer um pouco mai sobre o partido e o candidato para qual deseja confiar seu voto aí vai o link: http://www.tre-sp.gov.br/

O "Tribunal Superior Eleitoral"

Divulgou a lista dos responsáveis por contas irregulares, vale a pena conferir, mesmo porque tem candidatos da região com contas irregular e os mesmos serão candidatos na próxima eleição aí vai o link do "TSE": http://www4.tcu.gov.br/contasirregulares/ContasIrregulares.pdf

Alunos 2ºA Nestor Fogaça...

Alunos 2ºA Nestor Fogaça...

Alunos 2ºA Nestor Fogaça...

Alunos 2ºA Nestor Fogaça...

Atividade com o espelho na E.E. Nestor Fogaça, "momento de reflexão"...

Atividade com o espelho na E.E. Nestor Fogaça, "momento de reflexão"...




Alunos da E.E. Nestor Fogaça no Teatro Sesi (Itapê).

Alunos da E.E. Nestor Fogaça no Teatro  Sesi (Itapê).







Prédio da E.E. Maria F. Arrivabene.

Prédio da E.E. Maria F. Arrivabene.



Alunos elaboraram sugestões para diminuir O AQUECIMENTO GLOBAL.

Alunos elaboraram sugestões para diminuir O AQUECIMENTO GLOBAL.












Os alunos da E.E. Maria Elisa observaram o cotidiano e registraram algumas imagens.Confira!!

Os alunos da E.E. Maria Elisa observaram o cotidiano e registraram algumas imagens.Confira!!



























ATENÇÃO!!! ATENÇÃO!!!

Alunos interessados em concursos públicos acessar o link:http://www.vunesp.com.br/

Sugestões para diminuir o aquecimento global.

Sugestões para  diminuir o aquecimento global.

Sugestões para diminuir o aquecimento global.

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Alunos do 1ºB,E.E.Nestor Fogaça,elaboraram cinco sugestões de como diminuir o aquecimento global.

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Alunos do 1ºC, E.E.Nestor Fogaça,elaboraram cinco sugestões de como diminuir o aquecimento global.

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E.E. NESTOR FOGAÇA

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ATENÇÃO ATENÇÃO ALUNOS DE SAMY CITY....DICAS DE LIVROS...

Para quem está a fim de viajar pelo maravilho mundo da leitura:
Marcelo Rubens Paiva, leiam Feliz Ano Velho,Blcaute.

Atenção Atenção Galera de Samy City....Teatro em Itapê...

Peça:As Olívias Palitam.... Dia 12e13/04 no Sesi. O espetáculo apresenta os mais inusitados esquetes cômicos ,utilizando um humor rápido e inteligente e abusado da improvisação .Não existem personagens definidos;as atrizes são todas denominadas Olívias e são sempre elas que estão na situação .O show conta com cenas como a de um grupo de amigas que estudam as regras do futebol e a de um workshop que ensina os homens a se comportarem no fatídico " dia seguinte".Há ,ainda paródias de hits da década de 80 que se tornaram uma marca do grupo ,como a música Longilíneas Demais .Entre os pontos altos do espetáculo ,estão os momentos de bate -papo entre as atrizes ,com temas sugeridos pela platéia ,no quadro que dá nome ao show: As Olívia Palitam

Entrevista...

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Minhas Alunas...

A Arte Vive!!

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Meus alunos...

A Arte Vive!!!

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Meus alunos..

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A Arte vive.....

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Meus Alunos

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